A tempestade perfeita da degradação cognitiva
Nosso cérebro precisa desses momentos de contemplação em vez de ficar vidrado numa tela, refém de aplicativos
CANDICE SOLDATELLI
Há três semanas iniciei uma série de artigos sobre o livro do jornalista britânico Johann Hari chamado Stolen Focus – Why You Can’t Pay Attention (O Foco Roubado – Por Que Você Não Consegue Prestar Atenção). Analisei como nossa atenção está sendo roubada pelas redes sociais e o impacto na nossa capacidade de raciocinar e de aprender. Contudo, o autor do livro traz algumas sugestões de como retomar o controle da nossa própria atenção e evitar que a sociedade continue escravizada por telas, notificações, interrupções e excesso de informações que não agregam valor algum às nossas vidas.
Primeiramente, Hari insiste que devemos abandonar a ilusão da multitarefa. Nosso cérebro não é programado para ficar alternando atividades em máxima velocidade, como se mantivéssemos várias abas abertas no nosso computador e pudéssemos lidar com todas ao mesmo tempo. Somos biologicamente incapazes disso. Manter o foco numa tarefa de cada vez e evitar distrações e interrupções já é um grande passo. Eu mesma, há muitos anos, desativei TODAS as notificações dos meus aplicativos e só acesso mensagens, emails e redes sociais quando EU QUISER e não quando o aplicativo me avisar. Faz uma grande diferença.
Agora que todos nós sabemos como realmente funcionam os algoritmos das redes sociais para roubar nossa atenção e vendê-la a quem pagar mais (anunciantes, organizações, governos), não há desculpa para sermos cúmplices. Quanto mais tempo dedicamos ao Instagram, por exemplo, mais oportunidades damos para que nos roubem nosso foco. O conselho de Hari é bastante óbvio, mas o óbvio precisa ser dito: mais vida real e menos vida virtual. Sabe quando alguém se divertiu tanto com amigos que até se “esqueceu” de fotografar e de postar? Na verdade, o “esquecimento” é um sinal positivo de que todos estavam interagindo ali no presente, vivendo o momento, que nem lhes passou pela cabeça acessar uma rede social. O mundo virtual nos leva a uma constante divisão e dispersão dos nossos estados de atenção, não só nos momentos de lazer mas – o mais grave – no nosso trabalho e nos nossos estudos. Urge limitarmos o tempo que usamos nossos smartphones e tablets, principalmente é imperativo que nossas crianças fiquem longe disso o máximo de tempo possível.
Finalmente, Hari observa que a humanidade abandonou o saudável hábito de ficar sem fazer nada e de deixar a mente vagar. Há incontáveis benefícios em simplesmente sair para uma caminhada sem celular, sem fones de ouvido, sem qualquer aparelho eletrônico. Nosso cérebro precisa desses momentos de contemplação em vez de ficar vidrado numa tela, refém de aplicativos. Os benefícios disso vão desde uma melhora significativa no sono, maior capacidade de se concentrar e de compreender temas complexos. São dicas simples, mas são um primeiro passo para evitar a degradação definitiva de nossa capacidade de pensar.
INSTRUÇÕES
Após a leitura do artigo, produza um texto dissertativo apresentando o seu ponto de vista acerca do texto. Para isso, é fundamental que sua opinião seja exposta de modo articulado, em um conjunto de ideias claras e consistentes. Ao desenvolvê-la, você pode se valer das reflexões da autora, de exemplos pessoais, situações presenciadas, fatos, acontecimentos, enfim, de tudo o que possa ajudá-lo a sustentar, de maneira qualificada, o texto.
A versão final do seu texto deve:
1 – conter um título na linha destinada a esse fim;
2 – ter a extensão mínima de 30 linhas, excluído o título – aquém disso, seu texto não será avaliado -, e máxima de 50 linhas. Segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas.