A desvalorização da ciência no Brasil

Leia os textos motivadores.

TEXTO 1

(…) Vivenciamos em todo o mundo um crescimento de movimentos anticientíficos e anti-intelectuais com consequências desastrosas. 

Um exemplo sério é o chamado movimento antivacinas, que tem levado a milhares de pessoas deixarem de vacinar seus filhos, causando o ressurgimento de doenças que estavam sob controle, como o sarampo. Outro movimento, batizado de Terra Plana, seduz pessoas com o discurso conspiratório de que vivemos uma grande mentira (ensinada nas escolas) de que a Terra é um globo. Muitos riem desse movimento, avaliando os seus seguidores como ignorantes, mas tanto o movimento Terra Plana como o de antivacinas guardam no seu âmago o desprezo pelo conhecimento científico e pelos cientistas. (…)

Ulysses Paulino de Albuquerque – Professor do Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco e Conselheiro da Associação Científica de Pernambuco.
Wendel Pontes – Professor do Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco e Diretor-presidente da Associação Científica de Pernambuco.

Adaptado de: https://blogs.oglobo.globo.com/ciencia-matematica/post/sobre-terra-plana-e-outros-movimentos-anticientificos.html

TEXTO 2

(…) A prática da ciência provê um modo de interagir com o mundo, expondo a essência criativa da natureza. Disso, aprendemos que a natureza é transformação, que a vida e a morte são parte de uma cadeia de criação e destruição perpetuada por todo o cosmo, dos átomos às estrelas e à vida. Nossa existência é parte desta transformação constante da matéria, onde todo elo é igualmente importante, do que é criado ao que é destruído.

A ciência pode não oferecer a salvação eterna, mas oferece a possibilidade de vivermos livres do medo irracional do desconhecido. Ao dar ao indivíduo a autonomia de pensar por si mesmo, ela oferece a liberdade da escolha informada. Ao transformar mistério em desafio, a ciência adiciona uma nova dimensão à vida, abrindo a porta para um novo tipo de espiritualidade, livre do dogmatismo das religiões organizadas.

A ciência não diz o que devemos fazer com o conhecimento que acumulamos. Essa decisão é nossa, em geral tomada pelos políticos que elegemos, ao menos numa sociedade democrática. A culpa dos usos mais nefastos da ciência deve ser dividida por toda a sociedade. Inclusive, mas não exclusivamente, pelos cientistas. Afinal, devemos culpar o inventor da pólvora pelas mortes por tiros e explosivos ao longo da história? Ou o inventor do microscópio pelas armas biológicas?

A ciência não contrariou nossas expectativas. Imagine um mundo sem antibióticos, TVs, aviões, carros. As pessoas vivendo no mato, sem os confortos tecnológicos modernos, caçando para comer. Quantos optariam por isso?

A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não da ciência. Apenas uma sociedade versada na ciência pode escolher o seu destino responsavelmente. Nosso futuro depende disso.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro “Criação Imperfeita”

Adaptado de: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1710201003.htm

Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa, sobre o tema a desvalorização da ciência no Brasil.