Leia os textos motivadores.
TEXTO 1
“A cultura, no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer em nossos dias. E talvez já tenha desaparecido, discretamente esvaziada de conteúdo.” A pouca repercussão de “A civilização do espetáculo – Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura” dá razão ao diagnóstico feito pelo peruano Mario Vargas Llosa: em um contexto no qual a cultura se aproxima cada vez mais do entretenimento e se afasta da reflexão, qualquer empreendimento que exija algum esforço intelectual maior tende a ser rejeitado pelo leitor/consumidor em busca de prazeres fáceis e instantâneos, “que os imunize contra a preocupação e a responsabilidade”. Este é, no entanto (ou por isso mesmo), um livro necessário, ainda que o Prêmio Nobel de Literatura de 2010 exagere em seu pessimismo e pese a mão nas suas críticas algo ressentidas a determinados pensadores, como Jean Baudrillard e Michel Foucault. (…)
Vargas Llosa examina a obra “A sociedade do espetáculo”, de Guy Debord (1967). Atualizando conceitos marxistas, Debord afirma que na nossa sociedade a mercadoria atinge tal importância na vida das pessoas que se sobrepõe a qualquer outro interesse ou preocupação de ordem cultural, intelectual ou política: o indivíduo se entrega assim, e obsessivamente, ao consumo sistemático de objetos “muitas vezes inúteis ou supérfluos, que as modas e a publicidade lhe vão impondo”. (…)
Vargas Llosa conclui sua introdução com um parágrafo que considero iluminado, por resumir aquele que é talvez o principal traço distintivo da cultura hoje: a ligação visceral entre o julgamento de valor e o sucesso comercial: “A distinção entre preço e valor se apagou, ambos agora são um só, tendo o primeiro absorvido e anulado o segundo. É bom o que tem sucesso e é vendido; mau o que fracassa e não conquista o público. O único valor é o comercial. O desaparecimento da velha cultura implicou o desparecimento do velho conceito de valor. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.” O efeito disso é um estado de permanente confusão e oportunismo, no qual os maiores patifes e embusteiros são celebrados como grandes artistas, e o descaramento e o marketing substituem o talento. Aliás já não é possível, afirma o autor, discernir com certa objetividade o que é ter ou não ter talento, “o que é belo e o que é feio, qual obra representa algo novo e duradouro e qual não passa de fogo de palha”.
Neste cenário sombrio, segundo Vargas Llosa, os intelectuais que alcançam alguma visibilidade na mídia são aqueles que estão mais preocupados com a autopromoção e o exibicionismo do que com a defesa de algum princípio ou valor: afinal de contas, na civilização do espetáculo, o intelectual só interessa quando encarna o papel de bufão. Reflexão mais que oportuna para o momento que vivemos hoje no Brasil.
Adaptado de: http://g1.globo.com/platb/maquinadeescrever/2013/10/13/em-a-civilizacao-do-espetaculo-vargas-llosa-analisa-a-decadencia-da-cultura/
TEXTO 2
O termo Indústria Cultural (em alemão Kulturindustrie) foi criado pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), apresentado no capítulo “A indústria cultural: iluminação como engano em massa”, do livro Dialética do Esclarecimento (1944), em que propuseram que a cultura popular é semelhante a uma fábrica que produz bens culturais padronizados – filmes, programas de rádio , revistas etc. – usados para manipular a passiva sociedade de massa. Para os autores, o consumo dos prazeres fáceis da cultura popular, disponibilizados pelos meios de comunicação de massa, torna as pessoas dóceis, por mais difíceis que sejam suas circunstâncias econômicas. O perigo inerente à indústria cultural é o cultivo de falsas necessidades psicológicas que só podem ser atendidas e satisfeitas pelos produtos do capitalismo; assim, eles perceberam especialmente a cultura produzida em massa como perigosa para a sobrevivência das artes mais difíceis de serem produzidas do ponto de vista técnico e intelectual. De acordo com os pensadores, a indústria cultural: […] “não introduz as massas nas áreas de que eram antes excluídas, mas serve, ao contrário, nas condições sociais existentes, justamente para a decadência da cultura e para o progresso da incoerência bárbara”.
Adaptado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_cultural
Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa, relacionando o posicionamento dos autores sobre o tema a indústria cultural é prejudicial para a arte?