A vigilância líquida na vida social, cultural e política

Leia o prefácio da obra Vigilância Líquida, de Zygmunt Bauman, escrito por David Lyon.

TEXTO 1

“A vigilância é uma dimensão-chave do mundo moderno; e, na maioria dos países, as pessoas têm muita consciência de como ela as afeta. Não apenas em Londres e Nova York, mas também em Nova Délhi, Xangai e Rio de Janeiro, as câmeras de vídeo são elemento comum nos lugares públicos. Por toda parte, viajantes em passagem por aeroportos sabem que precisam atravessar não apenas o controle de passaportes em sua versão do século XXI, mas também por novos dispositivos, como escâneres corporais e aparelhos de checagem biométrica, que têm proliferado desde o 11 de Setembro. E se tudo isso tem a ver com segurança, outros tipos de vigilância, relativos a compras rotineiras e comuns, acesso on-line ou participação em mídias sociais, também se tornam cada vez mais onipresentes. Temos de mostrar documentos de identidade, inserir senhas e usar controles codificados em numerosos contextos, desde fazer compras pela internet até entrar em prédios. A cada dia o Google anota nossas buscas, estimulando estratégias de marketing customizadas. 

Mas o que significa isso do ponto de vista social, cultural, político? Se partirmos simplesmente de novas tecnologias ou de regimes regulatórios, poderemos formar uma ideia da amplitude desse fenômeno. Mas será que conseguiremos compreendê-lo? Decerto, ter uma noção da magnitude e da rápida difusão do processamento de dados é fundamental para que a onda de vigilância seja avaliada pelo que ela é; e descobrir exatamente quais chances e oportunidades de vida são afetadas por esse fenômeno irá galvanizar os esforços no sentido de controlá-lo. Mas este diálogo tem uma pretensão maior: a de cavar mais fundo – investigar as origens históricas e ocidentais da vigilância atual e sugerir questões éticas, assim como políticas, sobre sua expansão. 

Por muitas décadas, a vigilância tem sido tema constante da obra de Zygmunt Bauman, e muitas de suas observações, a meu ver, são de grande interesse para os que hoje tentam entender esse fenômeno e reagir a ele. Na primeira década do século XXI, Bauman tornou-se mais conhecido por suas análises sobre a ascensão da “modernidade líquida”, e aqui examinamos se esse arcabouço também é esclarecedor quando se avalia o papel contemporâneo da vigilância. Mas o outro leitmotiv da análise de Bauman é a ênfase na ética, principalmente a ética do Outro. Em que medida isso oferece uma compreensão crítica sobre a vigilância nos nossos dias?”

Com base na leitura do prefácio, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade formal, sobre o tema “como a vigilância líquida interfere na vida social, cultural e política?