Como as bolhas sociais interferem na vida pública?

Leia os textos motivadores.

TEXTO 1

Graças à internet, ‘facilitamos muito para quem odeia’, diz Leandro Karnal

Historiador e um dos palestrantes mais requisitados do país atualmente, Leandro Karnal diz que o discurso de ódio sempre existiu nas sociedades mas chama a atenção para a facilidade com que ele se propaga, hoje, graças à internet.

BBC Brasil – De que forma as redes sociais acabaram potencializando essa intolerância e esse discurso de ódio. Eles são reflexo da nossa sociedade ou acabam estimulando os comportamentos mais intolerantes e polarizados?

Karnal – Antes era preciso ler livros para criar estes ódios. Mesmo para um homem médio da década de 1930, ele precisava comprar o Mein Kampf de Hitler e percorrer suas páginas mal redigidas. Ao final, seus vagos temores antissemitas era embasados numa nova literatura com exemplos e que fazia sentido no seu universo. Mesmo assim, havia um custo: um livro.

Hoje é um clique e um site, com muitas imagens. Facilitamos muito para quem odeia. O ódio tem imenso poder retórico. Ele sempre existiu. Agora, existe este ódio prêt-à-porter, pronto, onde você se serve à la carte e pega seu prato preferido.

Adaptado de: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-38751447

TEXTO 2

O ano de 2016 trouxe um episódio de fôlego para a pesquisa de pós-doutorado de Pollyana Ferrari, jornalista e pesquisadora em mídias digitais. É daí que nasce o livro “Como sair das Bolhas”, uma publicação em que a autora busca refletir sobre a necessidade de compreender o mundo em que vivemos, sobretudo na era digital, e combater as distorções, muitas vezes disfarçadas em notícias.

CE: No livro você usa a expressão “bolha”. O que entende por isso e por que diz da necessidade de sair dela?

PF: Bolha são as redes sociais e proponho uma reflexão sobre a necessidade de sairmos desse espaço que te induz a compartilhar com os seus “iguais”. Sobretudo nesses tempos de polarização, temos cada vez mais excluído os que pensam diferente de nós, o que nos deixa em uma zona de conforto, mas também nos prova de uma leitura de contexto. E a gente não tem ideia do perigo disso. As pessoas acabam se refugiando naquilo que entendem ser igual a elas e com isso perdem embasamento e senso crítico para o debate. Precisamos transitar mais pelos grupos divergentes, ver mensagens de outros grupos, da grande mídia porque, ainda que manipulado, o discurso dá uma dimensão do que está acontecendo. Costumo dizer que até para criticar algo, precisamos conhecer, entrar em contato, senão só reproduzimos a opinião pasteurizada da bolha.

CE: Como o sair da bolha se relaciona com o enfrentamento às fakenews?

PF: Os algoritmos são softwares e ele fortalecem as bolhas. Se você fala de comida orgânica, só receberá anúncios e marcas desse tipo, aí entra no círculo. Os produtores de fakenews também compram perfis falsos para entrar nas bolhas e oferecer discursos sob medida. Os algoritmos seguem as nossas pegadas nessas redes para oferecer conteúdo. Então, se você é uma pessoa que transita, é possível confundi-los e isso é benéfico a partir do momento que você não fica na mão da plataforma, sai desse universo e consegue fazer outras leituras e estabelecer diálogos.

CE: Em que medida isso esbarra na educação?

PF: Dando o exemplo do jornalismo, tem muitos veículos que se recusam a olhar esse tempo dos algoritmos e aí ficam no seu quadrado e acabam perdendo relevância. É o mesmo para as escolas. A gente tem a questão das fakenews, das bolhas, do Bullying, de gênero, isso faz parte da vida dos jovens todos os dias. Escolher deixar isso de fora é perder a chance de ajudá-los a sair da bolha, a construir seu senso crítico e serem adultos mais críticos e éticos. Temos esse papel social enquanto educadores, não consigo ver a sala de aula sem essa função.

Adaptado de: https://www.cartacapital.com.br/educacao/como-sair-das-bolhas/

Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa, sobre como as bolhas sociais interferem na vida pública?