Desafios para preservar a memória cultural brasileira

Leia os textos motivadores.

TEXTO 1

O Patrimônio Cultural deve ser valorizado por todos e sua proteção deve ser pensada para e pelos sujeitos que detém o conhecimento. A sensibilização e conscientização do por que e como preservar deve ser realizada através de políticas públicas que envolvam as comunidades e os agentes que se relacionam com os bens portadores da memória coletiva e da identidade cultural dos diversos grupos sociais.

Para que se possa preservar um bem cultural, é importante saber não apenas que ele existe, mas também se a manifestação cultural é praticada pela população local, se as pessoas têm dificuldade ou não em realiza-la, que tipos de problema a afetam, como essa tradição vem sendo transmitida de uma geração para outra, que transformações têm ocorrido, quem são as pessoas que hoje atuam diretamente na manutenção dessa tradição, entre vários outros aspectos relativos à existência daquele bem cultural. Para preservar o nosso patrimônio, a Constituição Federal Brasileira afirma que o Poder Público, com a colaboração da comunidade, deve promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. Outro importante meio de resguardar os bens é através da educação patrimonial, que se baseia numa ação educativa que visa difundir o conhecimento sobre o patrimônio em conjunto com a comunidade, a fim de fomentar sua valorização e preservação através da apropriação.

Adaptado de: http://www.cultura.al.gov.br/politicas-e-acoes/patrimonio-cultural/principal/textos/preservacao-do-patrimonio

TEXTO 2

Lembrar para não repetir
Alessandro Silva

Especialista em memória cultural, pesquisadora alemã, afirma que lidar com o passado traumático é um processo longo, delicado e que exige a participação de toda a sociedade; no mundo, 40 comissões da verdade foram criadas, como no Brasil, para enfrentar as marcas da história.

Em Frankfurt, na Alemanha, funcionários deslocam uma bomba da Segunda Guerra com 150 kg de explosivos que estava enterrada há mais de seis décadas. A foto da cena que circulou pelo mundo no último dia 19 de maio não é incomum naquele país. Estima-se que entre 10 e 15% das bombas lançadas pelos aliados ainda não explodiram. Esse arsenal continua enterrado e, todo o ano, de uma a duas bombas explodem em solo alemão. Especialistas avaliam que o país viverá com esse risco por quase um século. A situação ilustra uma das abordagens sobre memória cultural e passado traumático, temas de estudos da pesquisadora alemã Aleida Assmann, doutora em literatura inglesa (Universidade de Heidelberg) e em egiptologia (Universidade de Tübingen), que trabalha há mais de duas décadas com pesquisas nessa área, em parceria com o marido, o egiptólogo Jan Assmann. Os dois estiveram no Brasil para um ciclo internacional de conferências que incluiu a Unicamp no roteiro.

Metaforicamente, as “bombas” enterradas são as “feridas” abertas ao longo da história, mal curadas e que voltam a provocar dores e polêmicas, o “risco de explosão”, quando vêm à tona por algum motivo, como em “escavações” do passado. Segundo a pesquisadora, lidar com esse tipo de passado é um processo longo, exige a participação de toda a sociedade e as universidades desempenham nesse contexto o papel de protetoras da memória cultural – aquela de caráter perene, construída pelo coletivo ao longo do tempo, transmitida entre as gerações e que evita, por exemplo, que o homem tenha que reinventar a roda todo dia.

Em entrevista ao Jornal da Unicamp, Aleida analisou as lições da Alemanha que podem ajudar o Brasil no atual momento de reflexão sobre o passado. Há um ano, a Comissão Nacional da Verdade apura a ocorrência de graves violações de direitos humanos no país (de 1946 a 1988). As polêmicas sobre a revisão da história desse período estão no noticiário, nas redes sociais, com a oposição de militares da reserva, de integrantes da comissão e de pessoas favoráveis e contrárias ao resgate dos fatos dessa época. “Lembranças negativas de traumas históricos podem estimular sempre novos conflitos ou se deitarem como uma sombra paralisante sobre o presente e tirar a força vital e a perseverança das pessoas”, disse a pesquisadora, em sua apresentação na Unicamp, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (16/05).

Segundo Aleida, 40 comissões da verdade foram criadas (entre as quais a do Brasil) e as regras de funcionamento tiveram que ser reinventadas de acordo com cada situação vivida pelo país de origem. “O que define essa forma de política da lembrança não são o ato de acobertar e o de deixar-estar, mas sim o de trazer ao discurso em um espaço social, o de admitir e o de reconhecer publicamente. Uma vez que essa política se orienta para a reconciliação e para a integração, podemos falar dela como uma forma totalmente nova de ‘superação do passado’ que deve ajudar a transformar ditaduras e outros regimes violadores dos direitos humanos em democracias”, disse.

Adaptado de: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/564/lembrar-para-nao-repetir | https://amazonia.org.br/2018/01/combate-ao-suicidio-indigena-depende-de-politicas-de-prevencao-da-vida-e-da-cultura-dos-povos-entrevista-especial-com-lucia-helena-rangel

Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa, sobre o tema desafios para preservar a memória cultural brasileira, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.