Noam Chomsky, no documentário Requiem para um sonho americano, compreende a desigualdade social como fruto da concentração de dinheiro e poder a uma parte muito pequena da população. Segundo o professor e linguista, a globalização prejudicou muitos países, porque as mãos do trabalhador não podem se mover, mas o capital, sim. Portanto, grandes corporações e indústriais aumentaram seus lucros explorando outras nações e provocando desemprego em seus países de origem.
Em uma plutocracia, ou seja, em um sistema político no qual o poder é exercido pelos mais ricos, o povo precisa ser passivo e despolitizado. Noam Chomsky, em Requiem para um sonho americano, explica que, nos anos 1960, os Estados Unidos vivenciaram uma explosão de movimentos sociais em defesa de negros, feministas e homossexuais que assustou a elite política e econômica, provocando, inclusive, o questionamento sobre o que era ensinado nas escolas e universidades. Esse evento histórico, não tão distante da nossa realidade, ilustra como a ideologia de um grupo, quando questionada, cria estratégias de dominação que visam moldar o modo como os cidadãos devem pensar e agir para manutenção do status quo do poder.
Um estudo da Universidade de Princeton mostrou que 70% da população norte-americana não têm meios para influenciar a política em Washington – principalmente brancos de classe média baixa e minorias pobres, como negros e latinos. Como a mídia fabrica uma massa sem senso crítico e pensamento autônomo, a população compra facilmente o discurso que responsabiliza o governo por todos os seus problemas. Conforme Noam Chomsky, o objetivo é fomentar um discurso de ódio que provoque indignação na população como válvula de escape – tal qual o minuto de ódio de George Orwell, em 1984. A raiva, como consequência desse processo, embota o pensamento crítico e empobrece qualquer articulação para a mudança.