Investimento no esporte brasileiro

TEXTO 1

Após 16 dias de partidas e competições de 46 modalidades, as Olimpíadas de Tóquio chegaram ao fim. A delegação brasileira foi a maior que o país já teve: ao todo, 301 atletas viajaram ao Japão para participar das disputas. Ocupando o 12° lugar no quadro geral, o Brasil conquistou 21 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e oito de bronze. O desempenho da delegação em Tóquio permitiu com que o Brasil superasse o número de medalhas obtidas nos jogos de 2016, no Rio de Janeiro, e estabelecesse um novo recorde. No entanto, o país que ficou em primeiro no quadro de medalhas foi Estados Unidos, com 39 ouros, 41 pratas e 33 bronzes, totalizando 113. Em seguida vem a China, com 88 medalhas, e o Japão, com 58. Os três países são potências olímpicas devido à seriedade com que os esportes são encarados.

No Brasil, antes do início dos jogos, o Governo Federal revelou que o valor investido no esporte olímpico e paraolímpico é superior a R$ 750 milhões por ano, e distribuído por meio da Bolsa Atleta, Lei de Incentivo ao Esporte e Lei das Loterias, que destina parte da arrecadação para investimento em áreas como esporte, saúde e educação.

Em 2020, R$ 292,5 milhões foram destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e R$ 163,1 milhões ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O programa Bolsa Atleta, que desde 2013 contempla atletas de alto rendimento e com chances de medalhas em competições nacionais e internacionais, teve um orçamento de R$ 143,4 milhões para 2021, valor que permite beneficiar 7.197 pessoas. Em comparação com o valor dedicado ao esporte para os jogos realizados em 2016, no Rio de Janeiro, o investimento para as Olimpíadas de Tóquio foi de R$ 2,8 milhões. A quantia teve uma queda de 11% (R$ 350 milhões) em relação à última edição das Olimpíadas.

O investimento no esporte é um grande diferencial para que os países desenvolvam atletas de alto rendimento. Isso se reflete na delegação brasileira: 80% dos integrantes são beneficiários do programa Bolsa Atleta e, em 19 modalidades, 100% dos esportistas recebem o auxílio. Contudo, não basta apenas apoiar aqueles que já são medalhistas ou contam com uma rede de suporte: é preciso olhar também para a base, para o desenvolvimento do atleta desde o início.

Fonte: Conquista de 21 medalhas nas olimpíadas mostra importância do investimento em esporte no Brasil – G1 (globo.com)

TEXTO 2

O Brasil fecha a Olimpíada com 21 medalhas conquistadas no Japão, sendo 7 de ouro, e o 12º lugar, que consiste no melhor desempenho da história para o país. Governo Bolsonaro comemora pódios e exalta Bolsa Atleta, mas corta recursos e sucateia programa. Segundo levantamento do ge.globo.com, dos 301 atletas que foram a Tóquio, 242 recebem a Bolsa e 83 ganham as duas menores categorias, que correspondem a menos de 2.000 reais por mês. Além disso, 33 dos 301 se sustentam graças a outra profissão. São cinco motoristas de aplicativo, quatro empresários e quatro profissionais de educação física, as três profissões mais comuns aos atletas que não conseguem ser só atletas. Felipe Vinícius dos Santos, que competiu na prova de decatlo (terminou em 18°), é um dos que precisou dirigir Uber para se sustentar na preparação. Além disso, o Governo não lançou o edital do Bolsa Atleta em 2020 e deixou os atletas sem receber por alguns meses. Antes, os esportistas se inscreviam no edital lançado em maio e, se aprovados, começavam a receber o auxílio em agosto. O prazo entre a abertura de inscrições e o pagamento da primeira parcela é usualmente de três meses. Então, as 12 parcelas eram repassadas mensalmente de agosto até julho do ano seguinte. Elas terminavam um mês antes de começar o pagamento do próximo acordo anual, em caso de renovação no edital seguinte. Desta forma, era garantida a renda do atleta durante todos os meses do ano, desde que seu auxílio seja aprovado ano a ano.

A partir do Governo Temer, em 2017, o mês de lançamento do edital passou a ser atrasado de tal forma a provocar “buracos” entre o último mês do pagamento anterior e o início do próximo. Por exemplo: até 2016, o atleta se inscrevia no edital em maio, começava a receber o auxílio em agosto de 2016 e tinha o 12º e último pagamento em julho de 2017. No entanto, a abertura do edital de 2017 foi atrasada para agosto, o que fez a primeira parcela cair somente três meses depois, em novembro de 2017. Com a Bolsa renovada, o atleta voltou a receber de novembro de 2017 a outubro de 2018, mas ficou sem pagamento nos meses de agosto, setembro e outubro de 2017. E a prática foi repetida ano a ano.

Fonte: Recorde de medalhas do Brasil contrasta com corte em investimento no esporte – Português (Brasil) –  (brasil.elpais.com)

TEXTO 3

Entender o esporte como instrumento para o desenvolvimento humano e da sociedade é o objetivo do 8º Seminário de Gestão Esportiva que a Fundação Getulio Vargas promove hoje (25), no Rio de Janeiro. O coordenador acadêmico do curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Esportes da FGV, Pedro Trengrouse, destacou a necessidade de haver mais investimento público em esporte no Brasil, a exemplo do que houve na Islândia que, em 20 anos, reduziu dos índices de criminalidade, álcool, drogas e violência na juventude.

“A Islândia tinha os maiores índices de criminalidade da Europa e, hoje, tem os menores”, salientou Trengrouse, em entrevista à Agência Brasil. “E, de quebra, ainda classificou a seleção para a Copa do Mundo da Rússia”, completou o professor.

O curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Esportes é realizado pela FGV em parceria com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e o Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES).

Trengrouse destacou que nos últimos 20 anos, o Brasil investiu R$ 100 bilhões em eventos esportivos e em esporte de alto rendimento. Segundo o professor da FGV, o retorno desses investimentos não foi tão grande quanto se ele tivesse investido no esporte escolar, como a Constituição determina. “Há 30 anos, a Constituição diz que o dinheiro público deve ser prioritariamente colocado no esporte escolar. E até hoje isso não ocorreu. O investimento na base gera frutos no alto rendimento, mas o investimento só em alto rendimento não necessariamente gera frutos na base”. Pedro Trengrouse sugeriu que o Brasil deve repensar a política de investimento público no esporte, de modo a integrar o esporte em políticas públicas de saúde, de educação. “Nós não podemos tratar o esporte como algo isolado das políticas públicas, que precisam aproveitar o esporte como política de transformação”.

Fonte: Esporte é instrumento para transformação da sociedade, defende FGV – agenciabrasil.ebc.com.br