TEXTO 1
Raça, classe e gênero
As estatísticas de desenvolvimento de populações, quando se considera o dado gênero e raça, não apresentam os mesmos índices para homens/mulheres pertencentes a grupos raciais diferentes. – Homens brancos ganham mais que mulheres brancas que ganham mais que homens negros que ganham mais que mulheres negras. Assim, se pensarmos em relações de gêneros, teremos os homens sempre em posição privilegiada ante as mulheres. Se, porém, pensarm os em raça, veremos que o dado sexo, ou se preferir o corte por gênero, não mais se comporta com a mesma lógica: homens negros estão em desvantagem no mercado de trabalho em relação a mulheres brancas, o que, repito, significa que não é mais a discriminação por sexo que dá conta do processo de exclusão de populações e da desigualdade de oportunidades, quando nos atemos, especificamente, ao mercado de trabalho. O interferente raça atua diretamente, dizendo-nos que, entre mulheres brancas e homens negros, a ideologia da inferioridade de indivíduos, baseada em gênero, se curva para, em uma apreensão não menos perversa, nos dizer que melhor mulher, desde que branca, se o concorrente, ainda que homem, for negro. A condição da mulher negra fica, então, abaixo do patamar para homens e mulheres brancos e para homens negros.
BERTÚLIO, DORA LÚCIA DE LIMA. Ação Afirmativa no Ensino Superior – considerações sobre a responsabilidade do Estado Brasileiro na promoção do acesso de negros à Universidade – o sistema jurídico nacional. In: QUEIROZ, J. P,; SILVA, M. N. (org.). O negro na universidade: o direito a inclusão. Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2007, p. 83.
TEXTO 2
FONTE: https://www.otempo.com.br/diversao/magazine/30-anos-de-arte-pela-igualdade-1.380976
TEXTO 3
Ainda assim eu me levanto
Maya Angelou
Você pode me inscrever na História
Com as mentiras amargas que contar,
Você pode me arrastar no pó
Mas ainda assim, como o pó, eu vou me levantar.
Minha elegância o perturba?
Por que você afunda no pesar?
Porque eu ando como se eu tivesse poços de petróleo
Jorrando em minha sala de estar.
Assim como lua e o sol,
Com a certeza das ondas do mar
Como se ergue a esperança
Ainda assim, vou me levantar
Você queria me ver abatida?
Cabeça baixa, olhar caído?
Ombros curvados com lágrimas
Com a alma a gritar enfraquecida?
Minha altivez o ofende?
Não leve isso tão a mal,
Porque eu rio como se eu tivesse
Minas de ouro no meu quintal.
Disponível em: https://psicanalisedemocracia.com.br/2018/04/ainda-assim-eu-me-levanto-vf-abrao-slavutzky/
TEXTO 4
O protagonismo dos Movimentos Sociais na conquista da Educação como Direito Social no Brasil
Ana Maria Morais Costa – UERN Antônia Janikele Queiroz Albuquerque – UERN
A partir do início do século XX se tornam visíveis as lutas em torno da educação pública no Brasil. Nos períodos anteriores, há uma convergência para a questão da independência da república, da abolição da escravatura. A despeito de contextos históricos, sociais e culturais diferentes, as lutas e reivindicações no debate nacional sobre a educação como direito social, de certo modo, se inscrevem em uma linha complementar e em diálogo com as lutas e reivindicações historicamente presentes na sociedade brasileira, e também que a existência de lutas e mobilização social em torno da educação precede a construção desta como direito social. Embora a diversidade de práticas coletivas nem sempre sejam complementares, é possível identificar que há entre elas um elo que foi fortalecido em todo o processo de lutas e reivindicações contra injustiças sociais, evolução da organização da educação e do sistema escolar no Brasil. Esse forte elo diz respeito ao enfrentamento às causas da desigualdade social, como componente estrutural da sociedade brasileira, que em cada período histórico se apresenta com um formato específico, o que demanda por parte da sociedade civil organizada diferentes formas de lutas e reivindicações, assim como amplia e/ou ressignifica bandeiras de lutas e formas de resistência, mobilização e reivindicação.
Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/13722
TEXTO 5
Sojourneur Truth nasceu em cativeiro e conquistou a liberdade por meio de uma fuga em 1826. Abaixo transcrevemos o famoso discurso intitulado “Ain’t I a woman?” (“E eu não sou uma mulher?”), atribuído a ela. Neste discurso, proferido na Convenção dos Direitos da Mulher, em 1851, na cidade de Akron, Ohio, Sojourneur fala do que era considerado feminino para a sociedade norte-americana da época e de como as mulheres negras eram deliberadamente excluídas.
“Aqueles homens ali dizem que é preciso ajudar as mulheres a subir numa carruagem, é preciso carregar elas quando atravessam um lamaçal e elas devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca ninguém me ajuda a subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou me cede o melhor lugar! E não sou uma mulher? Olhem para mim! Olhem para meu braço! Eu capinei, eu plantei, juntei palha nos celeiros e homem nenhum conseguiu me superar! E não sou uma mulher? Eu consegui trabalhar e comer tanto quanto um homem – quando tinha o que comer – e também aguentei as chicotadas! E não sou mulher? Pari treze filhos e a maioria deles foi vendida como escravos. Quando manifestei minha dor de mãe, ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E não sou uma mulher?”
LARA, Bruna de et al. # meu amigo secreto: feminismo além das redes. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2016.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “perspectivas para melhorar a atuação da mulher negra na sociedade contemporânea”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.