Leia os textos motivadores.
TEXTO 1
Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão.
Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante.
A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo.
Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”.
(…) Para Suzane Jardim, a reprodução de símbolos culturais em escala industrial carrega o agravante de esvaziar os movimentos sociais: “Os símbolos estão lá. Podem até passar uma falsa mensagem de aceitação e de paz entre os povos, mas a exclusão do negro na hora do registro de sua própria história reforça uma ideologia já velha, na qual o Brasil é o país da miscigenação e do bom convívio entre as raças desde que o negro permaneça escondido e sem oportunidades reais dentro do sistema.”
Adaptado de: https://revistacult.uol.com.br/home/identidade-e-apropriacao-cultural/
TEXTO 2
“Nunca estão satisfeitos”, diz Anitta após crítica por apropriação cultural
Anitta voltou a ser alvo de polêmica no mundo das celebridades. Após o lançamento do teaser de um novo clipe, chamado ‘Muito Calor’, do cantor porto-riquenho Ozuna, a artista foi acusada de apropriação cultural por uma série de internautas.
Nas imagens do vídeo, Anitta aparece com cabelo cacheado e dançando na laje de uma comunidade do Rio de Janeiro. No Instagram, a cantora fez a divulgação e aproveitou para rebater as críticas.
“O único videoclipe MEU gravado em uma favela se chama “Vai Malandra”. Os demais são clipes onde eu fui CONVIDADA como feat assim como esse. (…) Vocês nunca estão satisfeitos”, escreveu nas redes sociais.
Anitta vem sofrendo com críticas há meses, principalmente por mudar drasticamente seu visual quando vai gravar um videoclipe em alguma comunidade carioca. No Twitter, internautas afirmam que ela só enrola o cabelo quando vai gravar.
Adaptado de: https://istoe.com.br/nunca-estao-satisfeitos-diz-anitta-apos-critica-por-apropriacao-cultural/
TEXTO 3
A questão é que apropriação cultural não é sobre usar ou não turbantes, e sim sobre PODER. O poder que uma sociedade e sua, que se colocou no posto de dominante, no caso pela colonização, tem para definir que as demais culturas e, consequentemente, os integrantes dessa cultura, são inferiores em relação a ela, MAS, a partir do momento que essas culturas ou seus elementos são apropriados pela estrutura dominante, esses elementos perdem a inferioridade e ganham o status de exótico e/ou se tornam lucrativos.
Portanto, apropriação cultural é um fenômeno estrutural e sistêmico. Isso significa compreender que ele não pode ser entendido ou problematizado sob o ponto de vista particular, individual. Claro que um indivíduo pode usufruir da apropriação cultural de um grupo ou povo, quando não possui autocrítica ou conhecimento sobre o tema. No entanto, as consequências desse processo são sempre em nível coletivo, na estrutura: favorecimento do processo de marginalização desses grupos ou povos socialmente invisibilizados e oprimidos inconscientemente.
Adaptado de: https://www.geledes.org.br/stephanie-ribeiro-afinal-o-que-e-apropriacao-cultural/
Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa, sobre o tema o que a apropriação cultural revela sobre a cultura globalizada.