TEXTO 1
O Videogame da violência
Carlos José Marques, diretor editorial
Está todos os dias nos jornais e na televisão. Acontece como uma tenebrosa rotina nas ruas. A violência em estágio descontrolado vem minando o ânimo dos brasileiros e a credibilidade das autoridades. Passou a ser o item número 1 nas pesquisas de opinião sobre as preocupações das pessoas, que tiveram uma melhora de renda ao mesmo tempo que experimentaram uma piora na qualidade de vida – ao menos no que se refere à sensação de proteção do Estado. Escandalosos casos de estupro são registrados como algo corriqueiro nas maiores capitais e, nesse aspecto, colocam o País no padrão de desajuste social da Índia. Às vésperas de receber eventos globais como a Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Olimpíada, o Brasil macula ainda mais sua imagem internacional com episódios sistemáticos de crimes escabrosos e vem sendo comparado a uma selva subdesenvolvida. A impunidade, em alguns casos, e o descontrole, em outros, das operações repressoras ultrapassaram todos os limites. Quando há troca de tiros, como em um videogame, há gritos de torcidas incitando a matança. (…)
Extraído e adaptado da Revista Isto É, edição 2269, 15/05/2013
TEXTO 2
UFMG investiga trote com teor racista
Em foto que circula na internet, estudante aparece pintada de preto, acorrentada e com uma placa com a inscrição “caloura Chica da Silva”
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) investiga os responsáveis por um trote com teor racista ocorrido na faculdade de Direito na última semana. Em imagem que se espalhou rapidamente pela internet na tarde de segunda-feira, uma estudante aparece pintada de preto, com as mãos acorrentadas e uma placa de papelão no pescoço com a inscrição: “caloura Chica da Silva”. Outra foto mostra três estudantes – um deles com um bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler – sorridentes, fazendo saudações nazistas ao lado de um estudante preso com fita adesiva a uma pilastra. As imagens provocaram protestos e indignação nas redes sociais. (…)
Extraído do blog luizfernandoadv.blogspot.com/
TEXTO 3
Programas sociais reduzem violência na capital paulista, indica pesquisa
Wilson Tosta
Uma pesquisa do Banco Mundial aponta queda de 21%, entre 2006 e 2009, na criminalidade em bairros com escolas de Ensino Médio da cidade de São Paulo cujos alunos foram beneficiados pela expansão da cobertura do programa Bolsa Família, do governo federal, para adolescentes até 17 anos. Ao lado de outros programas dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco, a ação na capital paulista é uma das boas experiências que fizeram as taxas de homicídio brasileiras caírem levemente na ultima década, de 28,9 por 100 mil habitantes em 2003 para 27,2 em 2010, segundo o relatório “Por um Brasil Mais Seguro – Análise da Dinâmica do Crime e da Violência no Brasil”, divulgado na sexta, 22 de janeiro, no Rio. O estudo também mostra que no período as taxas de homicídio caíram no Sudeste, enquanto dispararam no Norte e no Nordeste.
“Se os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro fossem excluídos da média nacional, a taxa de homicídios aumentaria 29%, ao invés de ter diminuído 7%, entre 2003 e 2008, por exemplo”, diz o trabalho. “Isso porque as tendências pioraram significativamente no Nordeste e no Norte, onde os índices subiram de 18 para 28,8 por 100 mil habitantes e de 22,5 para 32,97 por 100 mil, respectivamente, durante este mesmo período.” A pesquisa aponta “enorme heterogeneidade” nos dados de todo o País, mascarada na queda dos números nacionais e gerais da violência brasileira. “Embora Estados como São Paulo tenham diminuído a taxa de homicídios em 67%, entre 2003 e 2010, outros tiveram elevações acima de 50% durante o mesmo período, como Bahia (+303%), Alagoas (+160%) e Pará (+252,9%).”
Mesmo assinalando que não existe receita única para redução das taxas de criminalidade, o estudo aponta três medidas decisivas para obtê-la, centradas em prevenção e controle: policiamento orientado para resultados; controle de armas e do consumo de álcool; e programas direcionados aos jovens em situação de risco e às áreas de maior incidência criminal e de violência. Em relação ao município de São Paulo, a pesquisa aponta que a extensão do Bolsa Família até os 17 anos correspondeu a um aumento de 59 alunos atendidos pelo programa por instituição escolar, levando a “grandes declínios em todas as categorias” de criminalidade – menos 94 crimes por escola/ano, afirma. O impacto no total das estatísticas foi uma redução de pouco mais de 1/5 em todos os delitos. Programas sociais também tiveram grande peso na diminuição de 76% na taxa de homicídios, de 2001 a 2007, no Jardim Ângela, na periferia paulistana. Ali, foram implantados os programas Renda Mínima, Bolsa Trabalho e Começar de Novo, além de projetos comunitários focados na resolução de conflitos, controle de armas, redução no consumo de álcool e parceria com a polícia.
Retirado de http://www.estadao.com.br
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Após ler e analisar os textos a seguir, escreva um texto dissertativo respondendo à pergunta: é possível conter a violência e a intolerância? Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.